O que você come?

 O que você come? (Foto: Divulgação)

Ontem foi celebrado em todo o mundo, incluindo o Brasil, o Food Revolution Day (Dia da Revolução Alimentar). O movimento foi criado pelo chef inglês Jamie Oliver, na busca por incentivar as pessoas a descobrir o prazer de cozinhar e como isso pode reconectá-las às outras pessoas. Mais do que isso, ele conta com chefs e nutricionistas do mundo todo para capacitar e inspirar mundialmente todas as pessoas a selecionarem melhor seus alimentos para que entendam que uma vida mais longa e melhor depende de novos hábitos. Oliver deu inicio a uma abaixo-assinado com meta de 3 milhões de apoiadores para pressionar o G20 a garantir alimentação saudável nas escolas. Até o fechamento desta matéria, a contagem na página da campanha estava em 665.310 assinaturas.

“Em um mundo onde 42 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade está acima do peso, enquanto outro 159 milhões estão muito subnutridas para crescer adequadamente, algo deve mudar. Tenho feito campanha por uma melhor alimentação e nutrição por mais de 15 anos e nunca estive mais preocupado com o estado de saúde global das crianças, mas também estou absolutamente certo que podemos reverter a maré”, afirmou Jamie em sua convocatória para mais um edição do Food Revolution Day.
Jamie Oliver trabalha para mudar hábitos alimentares nas escolas. (Foto: Divulgação)
A paraense Katti Mittchellini conta que foi justamente ao ver o filho, ainda tão jovem, sofrer com as consequências dessa alimentação inadequada que teve a ideia de abrir em Belém a loja Farta Colheita, especializada no comércio de produtos naturais e orgânicos, que realizou esta semana o 1º Simpósio de Alimentos Orgânicos na cidade. “Sou representante comercial há 15 anos e há 5 meu filho teve problemas por causa do consumo de frango. O pediatra mandou suspender e eu fiquei enlouquecida atrás de algo mais saudável”.
Katti descobriu uma marca de frango orgânico que não tinha em Belém, tentou vendê-lo aos supermercados, mas teve resistência, e por conta disso, abriu a loja. “Os supermercadistas ainda não estão trabalhando de forma mais responsável em passar os benefícios dos produtos para as pessoas. Alimentos cheios de agrotóxicos e animais criados à base de hormônios são cheios de malefícios à saúde humana. As pessoas adoecem das mesmas doenças”, diz ela.
A nutricionista Cláudia Cruz explica que comer bem envolve uma completa mudança de hábitos, como tem alertado Jamie Oliver. “As pessoas precisam começar a pensar a questão mundial da obesidade, que vem crescendo inclusive no Brasil. É o primeiro passo para dar inicio às mudanças, como dar preferência a alimentos in natura e evitar alimentos ultraprocessados”.
Cláudia dá um exemplo simples. “O milho é o alimento in natura. Para ser vendido em latas, ele é processado, mas pode também servir para fazer um pacote de salgadinhos de milho, o que leva várias substancias químicas e faz dele um alimento ultraprocessado. Esses alimentos levam a doenças como obesidade e hipertensão, já que normalmente levam muito sal, muita gordura e outras substâncias químicas”, alerta. 
No pacote de hábitos para uma alimentação mais saudável, entram os alimentos orgânicos. A nutricionista esportiva Geovanna Costa explica que “são alimentos sem agrotóxicos ou que os têm em quantidades baixas, permitidas por lei”. E destaca os perigos de intoxicação por alimentos não-orgânicos. “As pessoas podem ter intoxicações agudas, que surgem e passam mais rapidamente, tendo sintomas como dor de cabeça, enjoo, subagudas, mas com mais frequência, porque esses agentes ficam retidos no nosso organismo, e crônicas, que podem apresentar sintomas mais tardiamente, e costumam estar aliadas a um consumo de anos de produtos com agrotóxicos, como a paralisia e o 
câncer”, alerta.
A nutricionista Carla Cruz destaca ainda a preocupação ambiental e função social dos produtores de alimentos orgânicos. “Além do benefício à saúde, são produzidos a partir da agricultura familiar, e deixam de lado a agricultura que deprecia o meio ambiente, uma monocultura, muitas vezes”. “Agrotóxicos fazem mal não só para a saúde, mas para o meio ambiente, eles podem ter consequências irreversíveis para ambos”, reforça Geovanna Costa.
(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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