Professores dizem que greve foi apenas uma batalha


Em assembleia geral, realizada na tarde de ontem, na sede social do Paysandu, em Belém, os trabalhadores em educação do Pará decidiram pelo fim da greve, que durou 53 dias. Na plenária, que reuniu cerca de 2 mil profissionais, a categoria decidiu aceitar as propostas da última audiência de negociação com o governo e interromper a paralisação. A assembleia teve alguns momentos de tensão entre os profissionais que defendiam a continuidade e os que queriam o fim da greve. “A categoria deu sinais de que muita coisa ainda pode ser conseguida com a nossa luta. Essa ainda não é a hora de recuar”, defendeu o professor Abel Ribeiro. “Suspender a greve não significa suspender a luta. Essa é a hora de avaliarmos o nosso movimento. Dizer que não houve nenhum avanço nesses 53 dias de greve é desqualificar a nossa luta. Tivemos avanços sim. E por isso o melhor caminho é interromper a greve. Mas isso não significa que recuamos, pelo contrário”, afirmou Conceição Holanda, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp). Após duas horas de plenária, a categoria decidiu pelo fim do movimento grevista. Para o Sintepp, a greve foi considerada positiva, pois conseguiu avançar na maioria dos pontos de reivindicação. “Conseguimos avançar em pontos históricos e fundamentais para a categoria como a unificação do PCCR e a eleição direta para os gestores de escola. Agora, é claro, que nem tudo foi como imaginamos. Por isso vamos continuar a luta. A greve foi apenas uma batalha na nossa luta pela melhoria da educação no estado”, afirmou Conceição. Na próxima segunda-feira, o Sintepp deve reunir com o desembargador Ricardo Nunes, na sede do Tribunal de Justiça do Estado (TJPA) para protocolar o acordo pelo fim do movimento grevista, que ainda prevê a suspensão do corte de pontos dos trabalhadores, anunciado pelo governo. As aulas reiniciam na próxima segunda-feira em todas as escolas públicas do Estado. A respeito da reposição das aulas, a Secretaria de Comunicação do Governo (Secom) informou que a partir de segunda-feira uma comissão formada por representantes da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), governo e servidores vai discutir o calendário de reposição das aulas. Em relação ao desconto na folha de pagamento, a Secom afirmou que o desconto já tinha sido realizado pelo governo, mas que na próxima semana uma folha complementar será feita para repor o valor descontado. ATO Na manhã de ontem, os servidores chegaram a fazer um ato em frente ao Tribunal de Justiça, na Almirante Barroso. Além deles, alunos de diversas escolas públicas estaduais se juntaram ao coro de vozes dos professores, que também fecharam a avenida. O objetivo do ato era falar com o desembargador Ricardo Nunes para que ele intermediasse uma nova rodada de negociação com o governo. “Queremos que ele abra outra rodada de negociações e não sentencie nada em relação a nossa greve, que é justa. Aproveitamos também para dar o recado ao nosso governador de que educação é prioridade”, disse o coordenador estadual do Sintepp, Mateus Ferreira. Enquanto a comissão se reunia com o desembargador, alunos e professores carregavam faixas. Os estudantes levavam cartazes com frases como: “Aula só com os nossos professores” e “Substituam o governo, não os professores”. A Almirante Barroso foi liberada por volta do meio dia.

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