Bem estar e saúde



Todos nós sabemos que o processo de evolução do conhecimento científico envolve, inicialmente, uma tese, que passa por experimentos que busquem comprová-la, para então, a partir da repetição em outros ensaios que mostrem efeitos semelhantes, poder ser tida como verdade. 

É desta mesma forma que vemos conceitos evoluirem ao longo dos anos em relação à saúde e, principalmente, a alimentação. Mas durante este processo, que muitas vezes parece não ter fim, não somente leigos, como também profissionais, ficam perdidos, aguardando o veredito final a respeito do assunto. Quem não lembra da famosa discussão a respeito do ovo? Ele aumenta ou não o colesterol? Faz bem ou faz mal? Pode comer a gema?

Pois é, talvez pelo fato do trigo, leite e açúcar estarem em atual “processo” de debate e comprovação a respeito dos seus “possíveis” malefícios muitos tenham esquecido do ovo. Ou talvez a verdade é que para a maioria ainda nem tenha sido definido se ele é ou não um alimento saudável.

Como dito certa vez pelo médico e pesquisador Dr. William Handler “no mundo, pessoas mal alimentadas pagam um enorme preço por declarações de profissionais que emitem opiniões em vez de fatos”. Infelizmente a afirmativa é o que observamos no cotidiano, onde muitos profissionais baseiam-se em ideias próprias ou mesmo análises simples, unilaterais ou escassas a respeito de um assunto, propagando afirmações que são tidas pelo leigo como verdades, quando na verdade somente a real analise crítica dos fatos poderia ser usada como fonte de tais afirmações. 

O mito do ovo teve início em 1912 quando o pesquisador russo Nikolai Anitschkov induziu a formação de placas de gorduras em coelhos alimetando-os com gema de ovo e óleo de girassol. Mais tarde, em 1954, o também russo David Kritchevsky comprovava a formação de placas nos animais alimentando-os com colesterol e gorduras. A notícia destes dois trabalhos rápido se espalhou mundo a fora gerando medo e a valorização do consumo de gorduras de origem vegetal, principalmente as margarinas. Não demorou para que pesquisadores observassem o grave erro dos estudos. Por serem herbívoros os coelhos não tem a capacidade de metabolizar gorduras de origem animal ou colesterol, sendo este o real motivo de terem feito as placas de gordura.

Mas já era tarde, o mito e o medo já havia mudado a história da indústria alimentícia, que se armou da informação para alavancar as vendas das gorduras hidrogenadas, as famosas trans. 

Em 1994 a revista científica Lancet, edição 344, publicou trabalho que comprovava que 70% da placa que entope as artérias não era provocada pelo colesterol, que na maioria das vezes funciona, inclusive, como um antioxidante. 

Este ano, em levantamento estatístico avaliando setenta e seis estudos, envolvendo aproximadamente seiscentos e cinquenta mil participantes, pesquisadores da Universidade de Cambridge chegaram à conclusão de que as gorduras de origem animal não apresentam impacto na formação e evolução da doença coronariana, sendo as gorduras trans, ou seja, a margarina, assim como os açúcares e o sal os verddeiros vilões. 

Para acabar com o mito e conhecer de vez os benefícios do alimento: Ovo - O Mito do Colesterol, Dr Sérgio Puppin, Editora Universidade Estácio de Sá. 

Glúten, cresce cada vez mais o debate!

Seguindo a linha da fervorosa discussão que envolveu o consumo do ovo ao longo das últimas décadas, o glúten realmente parece estar chamando mais a atenção, afinal de contas o trigo foi o grão de escolha da indústria alimentícia para a elaboração da grande maioria dos alimentos processados. Repetindo a história, alguns profissionais alertam para seus efeitos nocivos enquanto outros alegam estarmos diante de teorias sem fundamento, sustentando o consumo e os beneficios do alimento.

Mas, atualmente, a grande diferença em relação à analise das informações é que vivemos em um tempo onde qualquer um, profissional ou leigo, pode ter acesso à diferentes fontes do conhecimento. Pesquisas em sites ou mesmo a grande publicação de obras dirigidas aos leigos facilitam a análise destas informações, orientando ainda como proceder diante das modificações. Este mês revistas de grande circulação estão abordando em suas matérias de capa o perigo do glúten, procurando mostrar a história, os fatos e as visões. Portanto, para não repetir o erro do ovo, não contente-se com afirmações sem que haja uma verdadeira análise dos fatos e, se possível, realize a sua própria busca.

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