Novo colírio pode substituir cirurgia de catarata

DivulgaçãoNo futuro, as pessoas com catarata não precisarão mais passar por cirurgias. A solução para o problema estará em gotas de colírio. É o que afirmam os pesquisadores chineses e norte-americanos que publicaram um artigo sobre o assunto na revista Nature deste mês.
O medicamento foi elaborado a partir do lanosterol, uma substância produzida naturalmente pelo olho. Os testes foram feitos em cães que desenvolveram catarata naturalmente. Os cientistas verificaram que o colírio regrediu a opacidade do cristalino, a lente que transmite a luz em nossos olhos. A molécula ainda não foi testada em humanos. 
A cada cinco segundos uma pessoa fica cega no mundo 
Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, o Brasil tem 1,1 milhão de cegos e cerca de 4 milhões de deficientes visuais. 75% da cegueira no mundo é causada por doenças previsíveis ou tratáveis. A catarata causa cegueira em mais da metade dos casos.
A catarata afeta uma a cada cinco pessoas a partir dos 65 anos, um em cada três com mais de 75 anos e quase dois em cada três idosos após os 85 anos de idade.
Os especialistas explicam que a catarata causa a opacificação do cristalino, resultando na diminuição da acuidade visual, a visão das cores é prejudicada. O paciente tem uma sensação permanente de névoa diante dos olhos.
Visão com data de validade
As células que formam o cristalino são desenvolvidas durante a vida embrionária. Mas elas praticamente param de se proliferar após os 20 anos de idade e perdem seus núcleos durante a sua evolução. Assim, vivemos o resto da nossa vida com uma lente que já não é renovada.
Ela é constituída por tiras concêntricas, como uma cebola. As células produzem grandes quantidades de proteína, cristal, que formam uma espécie de gel. Essas proteínas contribuem para a transparência do cristalino. Mas, quando eles se acumulam ele se torna opaco.
Na maioria dos casos, essa turvação acompanha o nosso envelhecimento, mas existem formas hereditárias, associada às mutações genéticas. A equipe sino-americana liderada por Kang Zhang da Universidade da Califórnia, em San Diego, identificou duas mutações diferentes de um gene chamado “LSS”. Esse gene regula a síntese de uma enzima que catalisa a produção do lanosterol.
Maior transparência
O estudo dos cientistas americanos e chineses mostra que o lanosterol é capaz de dissolver as estruturas de proteínas anormais nas células cristalinas. Indo mais além, eles avaliaram a sua capacidade para resistir ao processo lento de distorção da formação de agregados de cristal e como é encontrado na catarata relacionada com a idade.
Para isso, eles têm desenvolvido gotas para os olhos contendo lanosterol e usado, em primeiro lugar, in vitro sobre a catarata de coelhos e, em segundo lugar, diretamente em cães, com catarata desenvolvida espontaneamente. O cristalino dos coelhos tratados teve um aumento significativo na sua transparência. O uso do medicamento em cães adultos de diversas raças , livres da mutação do gene LSS, mostraram, novamente, uma redução na severidade da catarata e aumento da claridade do cristalino.
Estes resultados abrem a possibilidade de uma escolha entre a cirurgia, atualmente o único tratamento disponível, e abordagem farmacológica para a doença.
Cirurgia de catarata ou colírio?
A cirurgia indolor envolve a remoção do cristalino e sua substituição por um implante. A intervenção sob anestesia local dura geralmente entre dez e trinta minutos. A técnica mais moderna consiste em fazer uma incisão de 3 mm de córnea. Uma pequena sonda de ultrassom é inserida para quebrar o cristalino opaco cujas peças são aspirados. O implante é introduzido através do mesmo orifício.
No caso em que a catarata é bilateral, o procedimento é realizado em ambos os olhos, sucessivamente, com um intervalo de alguns meses. No entanto, as técnicas mais modernas não estão disponíveis em todos os lugares.
A aplicação do colírio para as pessoas com os primeiros sinais de catarata antes de qualquer expressão sintomática, teria a vantagem da simplicidade. Mas ainda é preciso fazer testes em humanos para estabelecer a segurança e a eficácia dessa abordagem inovadora.
http://www.ormnews.com.br

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem