Queda é maior para um terceiro trimestre desde 1996, segundo o IBGE. Frente ao 3º trimestre de 2014, a queda é ainda maior, de 4,5%.
O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 1,7% no terceiro trimestre de
2015, em relação aos três meses anteriores. Considerando o período de
julho a setembro, essa retração é a maior da série histórica, que
começou em 1996. No segundo trimestre, o PIB já havia recuado 2,1%
(segundo dado revisado). Com esse resultado, a economia brasileira segue
em recessão.
Neste trimestre, a queda foi disseminada nos três setores da economia
que entram no cálculo do PIB. A agropecuária registrou retração de 2,4%,
a indústria, de 1,3%, e os serviços, de 1,0%.
“A gente pode ver que em todas as comparações temos taxas negativas.
Além disso, desde o primeiro trimestre de 2015, a gente está tendo taxas
negativas em todas as comparações”, analisou Claudia Dionísio, gerente
de Contas Trimestrais do IBGE.
O que aconteceu em cada setor
De acordo com o IBGE, na indústria, a baixa foi puxada pelo recuo no desempenho da indústria de transformação (-3,1%), seguida pela construção civil (-0,5%) e pela indústria extrativa mineral (-0,2%).
De acordo com o IBGE, na indústria, a baixa foi puxada pelo recuo no desempenho da indústria de transformação (-3,1%), seguida pela construção civil (-0,5%) e pela indústria extrativa mineral (-0,2%).
No setor de serviços, o comércio, que vem mostrando seguidamente
resultados desanimadores, registrou a maior queda, de 2,4%. Outros
serviços sofreram redução de 1,8%; transporte, armazenagem e correio, de
1,5%; serviços de informação, de 0,5%, e atividades imobiliárias, de
0,1%.
“[No resultado de -2,4% da agropecuária] estou comparando trimestre que
não tem soja contra um trimestre que tem soja. A gente tem que olhar
com mais cuidado, porque talvez a taxa trimestral contra o ano anterior
seja mais adequada [para comparar]. A colheita da soja se concentra no
primeiro e no segundo [trimestre]. No terceiro, praticamente não tem.
Então, as safras que têm no terceiro não vão competir com a soja, porque
a maior safra da lavoura é a soja”, explicou a gerente de Contas
Trimestrais do IBGE.
Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre do ano alcançou R$ 1,481 trilhão.
Gastos do governo em alta
Pelo terceiro trimestre seguido, o gasto das famílias, que por muito tempo impulsionou o crescimento da economia brasileira, recuou. Na comparação com o segundo trimestre, a queda foi de 1,5%.
Pelo terceiro trimestre seguido, o gasto das famílias, que por muito tempo impulsionou o crescimento da economia brasileira, recuou. Na comparação com o segundo trimestre, a queda foi de 1,5%.
Por outro lado, as despesas do governo subiram 0,3%. De acordo com
Claudia Dionísio estão incluídas “as despesas correntes para máquina
pública funcionar, como saúde pública, educação pública e a própria
administração pública em si, em todas as três esferas: federal, estadual
e municipal.
"Esse resultado é uma variação, não quer dizer que cresceu o gasto. Pode ser um gasto com queda um pouco menor do que no trimestre anterior, que já aparece como variação positiva.”
"Esse resultado é uma variação, não quer dizer que cresceu o gasto. Pode ser um gasto com queda um pouco menor do que no trimestre anterior, que já aparece como variação positiva.”
Outro indicador que entra na "ótica de despesa" é a Formação Bruta de
Capital Fixo - que são os investimentos em produção. O recuo foi de 4% -
o nono resultado negativo seguido.
O que o Brasil compra e vende para fora do país também entra no cálculo
do PIB. Mesmo com a temporada de valorização do dólar, que deixa as
exportações mais vantajosas, as vendas de bens e serviços para o
exterior diminuíram 1,8%. As importações seguiram a mesma tendência e
sofreram redução de 6,9%.
Segundo Claudia Dionísio, a desvalorização do real frente ao dólar foi
de 56% no terceiro trimestre de 2015, contra o mesmo de 2014.
De julho a setembro, a taxa de investimento ficou em 18,1% do PIB. No
terceiro trimestre do ano passado, o índice havia sido de 20,2%. A taxa
de poupança foi de 15% no terceiro trimestre de 2015, menor que a do
mesmo período de 2014.
“De uma forma geral, a gente tem uma piora, uma deterioração do quadro
de emprego e renda. A gente está trabalhando com taxas de juros mais
altas, e isso também dificulta o acesso ao crédito, porque fica mais
caro tomar empréstimos, e afeta diretamente o consumo e o investimento,
principalmente. A gente está trabalhando com taxa de câmbio mais
desvalorizada, taxa de inflação mais alta, operação de crédito em termos
reais em queda. E aí, de uma forma geral, todos esses fatores juntos
estão contribuindo para esse cenário”, disse Claudia.
Prévia do PIB fechado
No ano, de janeiro a setembro, o PIB acumula queda de 4,5%, a maior da série histórica, que começou em 1996.
No ano, de janeiro a setembro, o PIB acumula queda de 4,5%, a maior da série histórica, que começou em 1996.
Nessa base de comparação, a indústria recuou 5,6% e os serviços, 2,1%. A
baixa não foi ainda maior porque a agropecuária cresceu 2,1%.
Os investimentos caíram quase 13%, bem como o consumo das famílias
(-3%) e o consumo do governo (-0,4%). No setor externo, as importações
de bens e serviços diminuíram 12,4% e as exportações aumentaram 4%.
Espelho de 2014
Em relação ao mesmo período do ano passado, os resultado foram parecidos com os da comparação trimestral, porém, mais intensos.
Espelho de 2014
Em relação ao mesmo período do ano passado, os resultado foram parecidos com os da comparação trimestral, porém, mais intensos.
A indústria, por exemplo, recuou 6,7%, sob influência da queda da
produção de máquinas e equipamentos e da indústria automotiva. E a
retração de quase 10% do comércio também influenciou negativamente o
setor de serviços, que mostrou queda de 2,9%.
A agropecuária foi o único dos três setores que teve uma baixa inferior à da verificada nas comparações trimestrais: de 2%.
"Este resultado pode ser explicado pelo desempenho negativo de alguns
produtos que possuem safra relevante no terceiro trimestre, como café e
cana", diz o IBGE, em nota.
Nessa base de comparação, o consumo das famílias recuou 4,5%. O IBGE
atribui esse resultado negativo à deterioração dos indicadores de
inflação, juros, crédito, emprego e renda. As despesas do governo também
seguiram a mesma tendência e caíram 0,4% em relação ao mesmo período do
ano passado.
Na análise da Formação Bruta de Capital Fixo, a retração foi de 15%, a maior da série histórica da pesquisa.
Enquanto as importações caíram 20%, as exportações subiram 1,1% no terceiro trimestre.
De acordo com Claudia Dionísio, as quedas de 4,5% do consumo das
famílias, de 20% da importação de bens e serviços, e de 15% da Formação
Bruta de Capital Fixo, todas em comparação com o terceiro trimestre do
ano anterior, foram as maiores da série.
Previsões alinhadas
As previsões já indicavam que o resultado desse trimestre seria negativo.
As previsões já indicavam que o resultado desse trimestre seria negativo.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), calculado pelo Banco Central e que busca ser uma espécie de "prévia" do PIB mostrava que a economia brasileira tinha voltado a “encolher” no terceiro trimestre.
Para 2015, a previsão dos economistas do mercado financeiro é de que o registre queda de 3,19%, segundo o boletim Focus mais recente divulgado pelo Banco Central.
Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando houve retração de 4,35%.
Com o recuo do Produto Interno Bruto (PIB), economistas ouvidos pelo G1 revisaram suas previsões para o índice de 2015.
Diante do resultado do 3º trimestre, economistas preveem que em 2015 o PIB feche em queda de 3,5%
Fonte: http://g1.globo.com