Prestar contas. É o que as secretarias
de saúde do Estado (Sespa) e do Município de Belém (Sesma) e também o
governo federal terão que fazer nos próximos dias, em relação a uma
decisão judicial de outubro do ano passado, que determinou a adoção de
medidas urgentes para regularizar o tratamento dos pacientes portadores
de fibrose cística no Estado.
Entre as medidas, caberia ao Hospital
Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) fornecer todos os
medicamentos, alimentos e o acompanhamento clínico para os pacientes
desta doença. A Sespa e a Sesma devem disponibilizar os exames de
rotina. Ontem, o Ministério Público Federal tomou conhecimento, por meio
da imprensa, de que a decisão judicial não estaria sendo cumprida.
O pedido para que União, Sespa e Sesma
provem o cumprimento da liminar partiu da procuradora regional dos
Direitos do Cidadão, Melina Alves Tostes, que solicitou à 2ª Vara
Federal em Belém que determine um prazo de cinco dias para que as
secretarias de saúde e a União apresentem provas do atendimento à
decisão judicial.
Na determinação também havia sido
colocado que em caso de descumprimento, a multa diária seria no valor de
R$ 5 mil. A decisão foi tomada depois que o MPF havia movido uma ação
civil pública, baseada nas denúncias de pacientes que indicavam que os
órgãos responsáveis pelo gerenciamento do Sistema Único de Saúde não
estariam fornecendo o tratamento adequado aos pacientes de fibrose
cística - doença genética crônica que afeta diversos órgão
principalmente os sistemas respiratórios e digestivos.
CRISE
Em Belém, além das dificuldades com
recursos, os hospitais universitários João de Barros Barreto e Bettina
Ferro de Souza, ambos ligados a Universidade Federal do Pará (UFPA),
apresentam aparelhos sucateados – isso quando possuem os equipamentos.
No Bettina Ferro, por exemplo, cerca de doze cirurgias deixaram de ser
feitas diariamente desde que os anestesiologistas suspenderam as
atividades, desde o último dia 29. Além dos atrasos de pagamentos, os
especialistas denunciaram a falta de capnógrafo (equipamento usado para
anestesia geral) e de aparelhos de ventilação para crianças.
Somente para a Cooperativa dos Médicos
Anestesiologistas do Pará (Coopanest-PA), o Bettina Ferro deve pelo
menos R$ 313.728,19, segundo informou a assessoria do hospital, mas a
Coopanest ressalta que o valor é R$ 446 mil. As duas instituições estão
em negociação.
No Hospital Barros Barreto, diversos aparelhos estão parados por falta de manutenção ou outros nunca foram sequer usados e ficam amontoados em corredores e depósitos da unidade. Em alguns casos, não há recursos financeiros para contratar técnicos responsáveis para o manuseio dos equipamentos. O HUJBB também dispõe de aparelhos de raio-x e tomógrafo, ambos na caixa sem ter sido usado alguma vez.
No Hospital Barros Barreto, diversos aparelhos estão parados por falta de manutenção ou outros nunca foram sequer usados e ficam amontoados em corredores e depósitos da unidade. Em alguns casos, não há recursos financeiros para contratar técnicos responsáveis para o manuseio dos equipamentos. O HUJBB também dispõe de aparelhos de raio-x e tomógrafo, ambos na caixa sem ter sido usado alguma vez.
A reportagem tentou contato com a
Sesma e Sespa, mas não recebemos resposta até o fechamento da edição. O
DIÁRIO tentou contato ainda com a assessoria do HUJBB, mas não obteve
êxito.