QUITO - A presidente Dilma Rousseff declarou nesta sexta-feira que o
resultado das eleições deste ano mostra que a população do continente
está preocupada com inclusão social, distribuição de renda e combate à
desigualdade. Durante a reunião de chefes de Estado da União de Nações
Sul-americanas (Unasul), no Equador, Dilma disse que o bloco tem o
desafio de buscar a integração na economia e no campo da infraestrutura.
Segundo ela, num momento em que o mundo ainda se recupera da crise
econômica, é importante que os países da região deixem de ser apenas
exportadores de matérias-primas.
Dilma definiu sua reeleição como a renovação do apoio da sociedade a
“um projeto que combina inclusão social, combate à pobreza e busca
aumentar a competitividade”. Durante o discurso, ela parabenizou as
vitórias de outros quatro mandatários sul-americanos: Evo Morales, na
Bolívia, Michelle Bachelet, no Chile, e Tabaré Vazquez, no Uruguai. Ao
comentar a eleição de Juan Manuel Santos, na Colômbia, a petista disse
acreditar que os tratados de paz conduzidos pelo governo colombiano com
as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) podem “colocar ao
fim o mais longevo conflito da nossa região”:
— As eleições em cinco países demonstraram o vigor das nossas
democracias, com escrutínios marcados pela expressiva participação
popular e a mais ampla liberdade de expressão. Nessas eleições, saiu
vitoriosa a agenda da inclusão social, do desenvolvimento com
distribuição de renda e do combate à desigualdade e da garantia de
oportunidades, que caracteriza nossa região nos últimos anos.
ATRASO DE TRÊS CHEFES DE ESTADO
A presidente
Dilma Rousseff chegou ao país pouco antes das 9h e foi recebida de forma
efusiva pelo presidente equatoriano, Rafael Correa. Antes de tirar a
foto oficial, ao lado do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper,
Correa gritou um "viva Brasil” e aplaudiu Dilma. A petista agradeceu o
cumprimento e disse que o Equador é um “país muito belo”, depois de
ouvir do companheiro equatoriano que a sede da Unasul fica próxima ao
vulcão inativo Pululahua.
Três chefes de Estado se atrasaram para a inauguração da sede da
Unasul nesta sexta-feira. Os presidentes e chanceleres eram esperados
para chegar a partir das 8h30 (11h30 no horário de Brasília). Uma hora e
meia depois, porém, ainda eram esperados a presidente argentina,
Cristina Kirchner, e o presidente colombiano, Juan Manuel Santos. Embora
tenha dito que não iria a Quito por problemas de saúde, o presidente do
Uruguai, José Mujica, era outro atrasado — o chancheler uruguaio também
não apareceu na hora marcada.
Falando de economia, Dilma disse que a Unasul tem um grande desafio a
enfrentar devido à “conjuntura de crise, com queda no preço das
commodities e do petróleo”. Ela afirmou que a Europa ainda atravessa um
quadro difícil, que o Japão passa por uma recessão e que os Estados
Unidos veem uma pequena melhora na situação. Uma saída para a região,
disse, é a integração e a mudança da matriz econômica:
— Em 2014, importante debate sobre exploração de nossos recursos
naturais. Não basta considerá-los como grande vantagem comparativa
regional. É preciso transformá-los em ferramentas de diversificação
produtiva e desenvolvimento social sob pena de ficarmos presos ao ciclo
vicioso da mera exportação de matérias primas.
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A petista disse que o Brasil está disposto a apoiar projetos de
“ampliação da infraestrutura regional” que são discutidos pela Unasul.
Dilma terminou seu discurso lembrando que durante a Copa do Mundo do
Brasil os sul-americanos proporcionaram ao mundo “um espetáculo de
amizade” e disse que na América do Sul todos “falamos a mesma língua”:
— Somos uma região única no mundo. Nós, sul-americanos, falamos uma
mesma língua, ainda que não pareça. Para nós, brasileiros, falamos uma
mesma língua, porque nós entendemos muito bem o castelhano. E quando
viajamos pelo continente, sempre nos sentimos “jogando em casa”.