A testosterona é uma substância que, através dos
anos, vem sendo intimamente relacionada com a virilidade e sexualidade
do homem. Com o processo de envelhecimento e a queda dos seus níveis os
sintomas clássicos de deficiência deste hormônio, a andropausa,
frequentemente aparecem.
Até recentemente essas alterações eram atribuídas ao “envelhecer” e
os homens simplesmente aceitavam, sem qualquer resistência, o fato de
seu organismo estar em processo de degeneração, processo esse que
levaria, um dia, à morte. Um grande número de trabalhos têm demonstrado,
ao longo dos anos, que muitas das doenças que afetam os homens de
meia-idade, estariam diretamente relacionadas ao déficit de
testosterona.
Mesmo assim, uso da testosterona em reposição hormonal masculina
ainda divide opiniões em muitas áreas dentro da medicina, principalmente
quando estatísticas mostram um aumento dos casos de câncer de
próstata.
Ao longo dos anos aceitou-se que os hormônios andrógenos,
representados pela testosterona, dihidrotestosterona (DHT) e DHEA,
seríam os possíveis responsáveis pelos processos de aumento do órgão,
assim como os casos de câncer. A ideia tida, então, é de que a
testosterona seria ruim para a próstata, e que a DHT pior ainda.
Numa ampla revisão da literatura científica a Dra. Lisa Tenover, da
Universidade de Emory, especialista em pesquisas na área da próstata,
também ressalta que a testosterona não exerce papel negativo sobre a
próstata como muitos acreditavam.
Mas, a mais interessante observação a respeito do assunto vem de um
experimento realizado pelo Dr Atif N. Nakhla, do Hospital St.
Luke’s/Roosevelt de Nova Iorque em conjunto com a Universidade de
Columbia. Amostras de tecido prostático foram retirados de pacientes com
HBP e, em laboratório, expostos a diferentes combinações de hormônios
(testosterona, DHT, SHBG e estradiol) e medicamentos. Os resultados
mostraram claramente o crescimento das amostras em meios contendo pouca
testosterona e elevados níveis de estradiol e SHBG. Para o autor a
combinação estradiol e SHBG seria na verdade o grande vilão. Tal
trabalho foi realizado em 1994.
Muito mais do que um hormônio sexual, a testostena apresenta
receptores em várias células do organismo, principalmente no cérebro e
no coração. A síntese protéica para manutenção da massa muscular depende
de testosterona. Como é um hormônio estimulador da síntese muscular e o
coração apresenta inúmeros receptores de testosterona, a fraqueza do
músculo cardíaco pode ser atribuída aos seus baixos níveis. Perda da
capacidade de concentração e alterações do humor também são sintomas dos
baixos níveis de testosterona.
A ideia de reposição hormonal masculina com testosterona pode ser
considerada relativamente nova e, por isso, ainda muito discutida dentro
da medicina. Em primeiro lugar, pelo receio de efeitos colaterais
provocados pelo uso irresponsável e abusivo dos esteróides anabólicos
sintéticos e, em segundo, pela corrente que ainda acredita que
elevando-se os níveis de testosterona aumentaria-se o índice de câncer
de próstata.
O objetivo da terapia de reposição em homens visa a correção de seus
níveis para valores correspondentes ao equilíbrio do organismo, e como
visto acima revisão de trabalhos publicados mostra que manter os níveis
de testosterona normais seria o mais importante fator de proteção da
próstata.
Nosso tema de hoje não tem como objetivo mudar o tratamento
convencional da noite para o dia, mas alertar para informações que
existem, e não de hoje, a respeito de um tema que interessa a grande
maioria dos homens.
Consumo de leite e
doenças da próstata!
Considerado uma das melhores fontes de cálcio para o organismo, o
leite de vaca, assim como seus derivados, sempre foi amplamente
consumido nos países ocidentais, mas nos últimos anos pesquisadores vem
descobrindo que alguns de seus componentes podem apresentar riscos à
saúde humana. Em estudo realizado na Alemanha observou-se que o consumo
regular de leite ativa receptores específicos da próstata que podem
estar ligados à formação de doenças. Diferente do leite humano, que não
apresentaria este efeito, o leite de vaca acarretaria desequilíbrios que
podem levar ao crescimento de células malignas no órgão masculino.
Novas pesquisas devem ser feitas para comprovar, porém estatísticas
comparando a incidência entre o câncer da próstata e o consumo de leite
já confirmam uma grande relação. Como alternativa poderíamos adotar o
consumo de leites vegetais, todos já disponíveis em nosso mercado.
Nutrition and Metabolism, 9:74, 2012.
Queda dos níveis
de testosterona
Desde 1934, quando foi pela primeira fez sintetizada com o objetivo
de uso em humanos, o hormônio testosterona, assim como vários outros,
sempre foi alvo de debates respeito de seus benefícios e riscos. Sabemos
que naturalmente a produção de testosterona cai cerca de 1% por ano, a
partir dos 30 anos de idade, o que faz com que um homem de cerca de 60
anos de idade já tenha um déficit de aproximadamente 30% dos seus níveis
ideais. Em estudo realizado pela Universidade de Davis, na Califórnia,
pesquisadores observaram que baixos níveis do hormônio estão
correlacionados a um aumento das doenças cardiovasculares, incluindo os
problemas coronários, ou seja, a formação de placas nos vasos. As
alterações foram observadas também em relação a marcadores como
triglicerídeos, colesterol, pressão arterial e massa corporal, todos
estes alterados quando correlacionados aos níveis do hormônio. Nos
últimos anos trabalhos como este estão servindo para mudar os conceitos a
respeito da segurança e dos benefícios de se manter um perfil hormonal
considerado adequado, assim como aliar as boas práticas de um estilo de
vida saudável, o que nos faz realmente entender o que chamamos de
medicina preventiva. Aging Male, 15:134-139, 2012.