Marcelo Odebrecht, ex-presidente da maior empreiteira do Brasil, foi condenado a mais de 19 anos de prisão. O juiz Sérgio Moro condenou ainda mais oito réus julgados neste processo da operação Lava Jato.
O juiz identificou o pagamento de propina em contratos com a Petrobras, que de acordo com a sentença, envolveram o pagamento de R$ 108 milhões e mais U$ 35 milhões. Para o juiz, Marcelo Odebrecht cometeu corrupção em 11 casos identificados. Ao todo, Marcelo foi condenado a 19 anos e 4 meses de reclusão e vai ter que pagar multa pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Sérgio Moro considerou que "mesmo que os criminosos colaboradores não tenham tido contato direto acerca de negociação de propinas com Marcelo Odebrecht, há um conjunto de provas muito robusto que permite concluir, acima de qualquer dúvida razoável, que o pagamento das propinas pelo grupo Odebrecht aos agentes da Petrobras, com destinação de parte dos valores a financiamento político, não foi um ato isolado, mas fazia parte da política corporativa do grupo e que Marcelo Bahia Odebrecht foi o mandante dos crimes praticados mais diretamente pelos executivos da empresa condenados na ação".
Outros dois ex-executivos do grupo Odebrecht, Marcio Faria e Rogerio Araújo foram condenados pelos mesmos crimes: corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, com a mesma pena: 19 anos e 4 meses. O juiz determinou que os três continuem presos, mesmo durante a fase de recursos, por causa das investigações mais recentes da Lava Jato.
Na mesma sentença, o juiz condenou o ex-executivo da Odebrecht, Cesar Ramos Rocha a nove anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, por corrupção ativa e associação criminosa. Ele foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro.
Alexandrino de Alencar, outro ex-executivo da Odebrecht, foi condenado a 15 anos, sete meses e 10 dias pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ele foi absolvido do crime de associação criminosa.
No núcleo da Petrobras, o juiz condenou o ex-diretor de serviços, Renato Duque, a 20 anos, três meses e 10 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É a segunda condenação de Duque na Lava Jato.
Foram condenados também Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento, e o ex-gerente Pedro Barusco à mesma pena, mas o processo contra eles está suspenso, por causa do acordo de delação premiada. Por fim, Sérgio Moro condenou o doleiro Alberto Youssef. As penas dele já passam de 30 anos de prisão, mas o processo contra ele também está suspenso por causa da delação premiada.
O grupo Odebrecht não é réu neste processo. A sentença foi para as pessoas dos ex-executivos e outros envolvidos neste esquema. Porém, Sérgio Moro cita a empresa na decisão e recomenda que o grupo Odebrecht busque os órgãos como Cade, Ministério Público Federal e Controladoria-Geral da União para acertar a situação da empresa.
O juiz também fixou uma multa a ser paga para a Petrobras, por conta dos valores pagos em propina, de R$ 108 milhões de reais, e mais 35 milhões de dólares.
O total vai ser dividido entre os réus que não fizeram colaboração premiada, na medida da participação de cada um deles.
O advogado de Alberto Youssef e Pedro Barusco disse que seus clientes colaboraram com a Justiça e, por isso, as penas foram suspensas. A Petrobras não quis comentar o assunto. O Jornal Hoje tentou falar com a defesa de Marcelo Odebrecht, mas não conseguiu resposta. O Jornal Hoje também não conseguimos contato com os advogados das outras pessoas citadas na reportagem.