Crise na Celpa paralisa Luz para Todos

 
Cerca de 150 mil famílias, em todo o Pará, continuam até hoje sem contar com o benefício de um dos serviços básicos da modernidade: a energia elétrica. O Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica, o Luz para Todos, instituído em novembro de 2003 pelo então presidente Lula, avançou e continua avançando em todo o Brasil.
Menos no Pará, infelizmente, onde o programa está parado há cerca de três anos, conforme denúncias feitas por parlamentares, ou não consegue deslanchar por inércia da concessionária estadual do setor elétrico.
Ao todo, estima-se em mais de 500 mil pessoas a parcela paraense até hoje alijada do programa, segundo informação do deputado Zé Geraldo (PT). A maior parte, em torno de 350 mil, vive em áreas que podem ser alcançadas pelas redes de distribuição. Nestes casos, as ligações têm custo consideravelmente alto, já que as linhas alimentadoras requerem investimentos relativamente pesados, mas de baixo retorno. De qualquer forma, foi este o preço que o governo se dispôs a pagar para garantir o acesso a esse bem de consumo às populações do meio rural.
Bem mais complicada é a situação de aproximadamente 30 mil famílias, ou 150 mil pessoas, que moram em áreas remotas e isoladas do Estado. A estas será impossível estender o serviço pelos meios convencionais de geração e distribuição, o que leva à necessidade do recurso a fontes alternativas. É o que vai acontecer, por exemplo, na reserva extrativista de Porto de Moz, onde será instalada uma central de geração de energia solar, ao custo de R$ 36 milhões, obra que já está hoje em processo de licitação.
Mas o que provocou, afinal, o recuo do Luz para todos no Pará, fazendo dele o pior Estado brasileiro em termos de execução e em volume de investimentos realizados no programa? Na origem do problema está a crise financeira crônica – e aparentemente insolúvel – em que mergulhou a Celpa desde que a empresa foi privatizada, em julho de 1998. Entre as consequências da privatização, soma-se agora também a exclusão de milhares de famílias paraenses de um programa reconhecidamente dotado de profundo sentido social.
Lideranças políticas de oposição questionam duramente a conduta do governador Simão Jatene, que nos últimos tempos passou a adotar um discurso de cunho passadista. Os opositores observam, com sarcasmo, que o governador, em suas “viagens” ao passado, jamais toca na questão da Celpa, fingindo ignorar a sua responsabilidade pessoal no processo de privatização da empresa. Jatene era o homem forte no secretariado do então governador Almir Gabriel quando a estatal paraense do setor elétrico teve seu controle transferido para o Grupo Rede.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem